[CECOP Talks] Instituto Ver e Viver fala sobre a importância de investir em ações sociais
O Instituto Ver e Viver chegou ao Brasil em 2013, mas passou a operar, efetivamente, em 2014. Em mais de seis anos de atuação, o IVV acumula mais de um milhão de vidas impactadas nos eventos e programas disponibilizados. Sandra Abreu é a Diretora do Instituto Ver e Viver no país e participou da história que alcançou cerca de 400 mil pessoas no Brasil.
Mesmo sendo o braço de responsabilidade social da Essilor, o IVV atua de forma independente. Dentre as principais preocupações sinalizadas por Sandra, destaca-se a garantia da oferta voltada à saúde ocular de qualidade. “Creio que os óticos independentes compreendam que atualmente, mais do que vender um produto, agora nos relacionamos e falamos de saúde, um bem muito importante para as pessoas. Quando se fala de lentes acessíveis para gerar uma nova camada de cliente, estamos falando de ajudar pessoas a enxergarem mais e comprarem um produto melhor”, ressaltou Sandra. Confira!
CECOP Brasil: Qual é o principal objetivo do Instituto Ver e Viver e em que consistem os programas “Ótica Cidadã” e “Lentes Sociais”?
Sandra Abreu: O principal objetivo do Instituto Ver e Viver é levar acesso ao ciclo completo da correção visual para as pessoas mais carentes ou mais necessitadas, que não têm condições de pagar por um atendimento oftalmológico ou adquirir o próprio produto, no caso, os óculos.
O “Ótica Cidadã”, atualmente, está presente em 453 lojas no Brasil. Neste programa, a pessoa pode adquirir seus óculos de visão simples. Para isso, é necessário apenas ter a receita do oftalmologista, acessar o site do projeto, consultar as óticas credenciadas e realizar a compra do produto.
Quanto às “lentes sociais”, é uma iniciativa pensada para o ótico realizar exclusivamente ações sociais. Ele tem que comprovar que está atendendo e doando esses óculos. Depois disso, tem acesso à possibilidade de adquirir lentes de Visão Simples com o Instituto, dentro de uma grade pré-definida de lentes sem tratamentos. O ótico pode comprar conosco por um valor acessível, que parte do princípio de que ele, como ótica, tem um conjunto de armações e tem um oftalmologista parceiro na sua região que também está fazendo uma ação social. É o match perfeito! A ótica tem armações, tem uma facetadora, algum equipamento para fazer a montagem dos óculos, tem o apoio de um oftalmologista engajado socialmente e nós participamos com a oferta de lentes a um valor extremamente acessível.
C: Qual é a importância de estimularmos as óticas a direcionarem seus focos em prol de quem necessita de saúde e qualidade visual?
Sandra: Assim como todos os setores, o mercado ótico também necessita se reinventar e pensar no seu cliente do futuro. Se o ótico ajudar estes consumidores na compra de seus primeiros óculos, por meio de um programa social, certamente o consumidor voltará a adquirir os produtos com ele. O ótico deve pensar, também, em estratégias para esses consumidores que, futuramente, poderão ser leais ao estabelecimento que os ajudou num momento tão especial – quando não poderiam adquirir seus óculos e o programa social foi crucial em ajudá-lo. Dessa forma, cria-se uma relação de confiança e parceria entre a ótica e os consumidores.
C: Como o engajamento social pode trazer benefícios às óticas independentes e como o Marketing boca a boca contribui nesse contexto?
Sandra: É uma questão de identidade e conhecimento. O boca a boca é importante, mas existe uma questão muito maior do que isso. É o reconhecimento da marca, porque no boca a boca a ótica fica conhecida e, depois, com um bom trabalho com as redes sociais (coletando depoimentos das pessoas que foram impactadas por uma ação), tem-se uma visibilidade muito maior do que simplesmente colocar no mercado que é a “ótica X” e que faz um “trabalho XYZ”.
Indo além, destaco a importância do marketing social. Hoje, as pessoas estão muito mais conscientes de que estabelecimentos comerciais que têm uma preocupação social são sérios e passam a ser mais respeitados. O consumidor tende a apoiá-los com o boca a boca e se mantém leal. Esse é um benefício claro do marketing social. Quando uma empresa tem essa preocupação e você tem consumidores conscientes, eles realmente vão ser seus promotores.
C: Para a ótica que deseja iniciar esse trabalho social, quais seriam os “próximos passos”? Como o IVV pode ajudar essas óticas a levaram à sociedade alternativas que ajudem o cidadão a ter acesso à saúde ocular de qualidade?
Sandra: É bem simples, a ótica que quiser trabalhar conosco e iniciar uma ação social precisa entrar em contato por e-mail (contato@institutovereviver.org.br) explicando que tem interesse, expectativa de atender X pessoas, que deve estar em torno de X números de pessoas corrigidas e iniciaremos uma negociação. Depois, vamos coletar os dados da empresa, como CNPJ e razão social, para termos no nosso banco de cadastro. Vamos enviar para ela as condições comerciais e, para as óticas participantes do programa que entram com uma solicitação de até mil pares de lentes, fazemos uma negociação em que ela pode pagar em até 30 dias. Acima de 1.000 pares de lentes, ela tem até 60 dias para realizar o pagamento desse produto. O IVV atua com lentes visão simples, sem tratamentos. Não existe oferta de lentes progressivas nas ações sociais.
O nosso envio para as regiões Sul e Sudeste acontece a partir do momento que eles enviam para nós a confirmação do pedido em até 10 dias. Para as regiões Nordeste e Norte, a operação leva até 20 dias para podermos encaminhar as lentes.
Após o contato inicial da ótica, nós solicitamos os dados e enviamos uma planilha para ser preenchida com alguns dados sobre as lentes. Depois do evento, é importante nos mandar fotos e alguns depoimentos do oftalmologista e principalmente do pessoal da ótica trabalhando nesta iniciativa, além das pessoas que foram beneficiadas com a doação desses óculos.
C: De que forma o IVV enxerga a parceria com a CECOP e como as óticas independentes podem usufruir dessa colaboração entre as empresas?
Sandra: A CECOP é a maior comunidade de óticas independente do mundo e, no Brasil, o IVV fica muito feliz em poder fazer parte e ser o braço social da CECOP. Com as lentes sociais, estamos criando uma oferta nas óticas que talvez não existisse anteriormente. O associado CECOP começa a ter esse benefício.
É muito difícil uma ótica independente fazer alguma ação social e atrair um novo público. É um custo elevado fazer um evento, buscar no laboratório um valor tão acessível de lente e, enquanto associado CECOP, ele vai ter essa oportunidade de poder adquirir as lentes Visão Simples por um valor acessível e com foco em ajudar as pessoas. Citando um ótico independente como exemplo, talvez ele já atenda um segmento AB e um forte segmento C da população. Ele, agora, está colocando na base dele de atendimento uma categoria chamada “acesso” em que ele atende pessoas mais carentes e, com isso, gera demanda para a ótica. O associado CECOP tem esse benefício de poder expandir um potencial novo núcleo de consumidores para sua ótica.
Outro ponto que vejo como muito relevante em fazer parte da comunidade CECOP é porque o público das óticas independentes é muito próximo do público do Instituto. Vamos atuar como uma mola propulsora para poder gerar uma nova camada de clientes para as óticas independentes. Costumo dizer que estamos fazendo uma joint venture social: a CECOP Social e IVV, juntando duas iniciativas boas, olhando para uma parcela da população que não teria acesso e que, principalmente, está criando uma cultura de pessoas que entendem que óculos são saúde, são acesso e que é possível você corrigir a sua visão com qualidade e com valores acessíveis.
C: Gostaria de destacar outro ponto?
Sandra: O IVV é uma Instituição independente, apesar de estar vinculada à Essilor. A vantagem de estarmos vinculados a uma multinacional líder no seu segmento é que conseguimos garantir para os nossos parceiros e para os nossos usuários beneficiados lentes de qualidade, e toda a certificação e garantia de que o processo é idôneo. O Instituto tem como premissa levar a correção visual para as camadas mais carentes da população brasileira. A nossa missão é melhorar vidas através da visão.
Ter a CECOP como parceira nos ajuda a aumentar a capacidade do Instituto a chegar em regiões que a gente levaria muito mais tempo para alcançar se tivéssemos que trabalhar de maneira independente.
Por fim, vale deixar um convite. O IVV também tem as suas redes sociais e as óticas participantes dessas iniciativas ou associadas CECOP que vierem trabalhar conosco nas questões sociais, queremos falar delas. Nossos perfis no Instagram, Facebook e LinkedIn é Instituto Ver e Viver. Vamos divulgar as óticas participantes dessas iniciativas que estão fazendo o bem. O que é para o bem, temos que falar!
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