[CECOP Talks] Adriana Stürmer fala sobre a participação feminina na indústria ótica

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Adriana Stürmer é uma das líderes à frente de um grande laboratório ótico gaúcho, mãe, filha, esposa, empresária… os diversos papéis nunca foram um empecilho para a carreira, que se funde com a história do Laboratório Stürmer, que iniciou suas atividades em 1994, no ano em que ela se tornava mãe e sócia ao mesmo tempo. A empresa nasceu de uma vontade do Luiz Stürmer ter seu próprio laboratório, um profissional sempre à frente do seu tempo, e trouxe para a empresa um DNA inovador, acompanhando tendências de mercado e atuando como um verdadeiro parceiro de seus clientes.

Em entrevista exclusiva ao CECOP Talks, Adriana ressaltou a importância da participação feminina na indústria ótica, trazendo relatos profissionais e pessoais quanto à sua trajetória. “A diversidade traz, sim, resultados efetivos. Para mim, não restam dúvidas de que essa complementação de competências mostra resultados concretos. Empresas com mulheres e homens de uma forma equilibrada na gestão, e até nos processos operacionais, têm um ambiente de trabalho melhor, mais acolhedor e dão lucro”, destacou. Confira!

 

CECOP Brasil: Quais são as origens do Laboratório Stürmer?

Adriana Stürmer: O Laboratório Stürmer tem quase 30 anos de existência. Luiz Stürmer, meu marido, trabalhava no ramo em um outro laboratório e, quando nos casamos, ele me disse que tinha um sonho de ter o seu próprio negócio. Naquela época, não tinham grandes players como atualmente, o mercado ainda estava se desenvolvendo e eu aceitei o desafio. Sou formada em Direito e busquei conhecimento inicialmente no curso de Especialização em Administração e Estratégia, na UFRGS. Eu sabia lidar com questões financeiras e sempre tive uma boa percepção sobre atendimento ao cliente. Com isso, decidimos abrir o nosso laboratório. A princípio, alugamos uma sala, compramos uma facetadora e assim começamos o negócio.

Como o Luiz já tinha todo o know-how sobre o mercado ótico, quando iniciamos, ele visitou algumas óticas e convidou-as para trabalhar conosco. Meses depois recebemos uma proposta: um cliente nosso tinha um pequeno laboratório e ele queria vender seus equipamentos, pois não fazia mais sentido ter essa parte do negócio. Começou ali uma nova etapa, teríamos um laboratório completo. No início, deu um frio na barriga, para nós era um grande investimento e não sabíamos se iríamos conseguir pagar. Mas deu tudo certo e, a partir de então, começamos a trabalhar também com surfaçagem.

Hoje, o laboratório faz parte do grupo EssilorLuxottica, que adquiriu 70% da empresa em 2013, e tem sido uma parceria de sucesso. Tínhamos como missão melhorar a vida das pessoas através da visão, oferecendo sempre as melhores soluções óticas, que era também a missão da Essilor, sempre tivemos essa conexão com o Grupo que carrega a inovação em seu no DNA; agora, como EssilorLuxottica, vamos além, combinando nossas expertises em lentes altamente tecnológicas e na manufatura de armações que são incríveis e desejadas. Ajudamos as pessoas a verem mais, serem mais e viver a vida em toda a sua plenitude.

E isso também sempre foi um dos nossos objetivos, trazer inovações para os nossos clientes, não somente na parte de tecnologia, já que o nosso core é serviço, mas também em outras frentes. Até por isso, fomos o primeiro laboratório a não fechar ao meio-dia, a abrir aos sábados, por exemplo, e a funcionar 24 horas. Passamos a convidar o time que vende armações a conhecerem todo o processo de confecção das lentes, enfim, a forma de se relacionar com o mercado foi inovador, fomos o primeiro laboratório a ter consultor ótico dando treinamentos e analisando números com os clientes, papel este que era da indústria.

 

C: Seu background está no campo do Direito e Administração. Como se deu o seu primeiro contato com a indústria ótica?

Adriana: O meu primeiro contato foi uma história de amor, verdadeiramente. O Luiz Stürmer decidiu abrir sua própria empresa e me ofereceu fazer parte da sociedade no negócio e eu aceitei. Aprendi muito com ele, com nossos parceiros e clientes. Eu tenho o maior respeito pela comunidade ótica, em que aprendi e aprendo muito. Quando iniciamos, fiquei responsável pelas partes burocrática, área comercial e financeira, e Luiz pela produção. É assim até hoje.

 

C: Para o Laboratório Stürmer, por que se deve investir tanto em inovação atualmente? Como a indústria ótica se beneficia por meio deste ponto?

Adriana: Um dos principais pilares que fazem com que uma empresa sobreviva em um mercado tão dinâmico como este é a inovação. É muito importante trazer para o consumidor, e para a população em geral, soluções que os atendam independente do estilo de vida, a experiência e o produto são cada vez mais personalizados e ao mesmo tempo adaptáveis às mudanças da vida cotidiana. Inovar é fundamental não apenas para a sobrevivência de um business, mas também pela visão de futuro que traz às empresas, independentemente da área de atuação. No nosso caso, como somos da indústria, nossos equipamentos precisam andar juntos com os produtos que são oferecidos, e vamos além.

Falamos muito sobre lentes customizadas, lentes digitais, que são feitas conforme o movimento dos olhos, o movimento da cabeça e as atividades realizadas pelas pessoas. Hoje, usamos celulares, tablets e computadores; aquela distância que utilizávamos para ler jornal mudou, uma vez que passamos a usar outros dispositivos.  Se não tivermos a inovação como pilar da nossa empresa, vamos ficar para trás quanto a essas evoluções. E a EssilorLuxottica está sempre à frente, incontestavelmente.

Um exemplo atual são as lentes Stellest, uma novíssima geração de soluções que estamos trazendo para combater a miopia e que foram aprovadas pelo FDA (Federal Drug Administration) nos Estados Unidos. Vamos ajudar bilhões de pessoas. A EssilorLuxottica, quando Essilor ainda, já estava falando há anos dessa questão.

 

C: Enquanto empreendedora, quais os maiores empecilhos encontrados durante esse percurso?

Adriana: Na minha trajetória profissional, confesso que nunca me senti constrangida por ser mulher e estar liderando uma indústria em um mercado que, até então, era dominado basicamente por homens. Lembro que, certa vez, participei de uma reunião na ABIÓPTICA em que eu era a única mulher em uma sala com mais de 20 líderes masculinos. Mas sempre houve muito respeito e muita abertura em todos esses eventos que participei.

Sabemos hoje, mais do que nunca, da importância da diversidade de gênero nas empresas. Isso ajuda a trazer inovação, olhares diferentes e nos ajuda, também, a entender melhor o consumidor e a tornar o ambiente muito mais rico e agradável de se trabalhar. O Laboratório Stürmer é uma indústria, mas ele tem tanto mulheres quanto homens em todos os setores. Hoje, aproximadamente 50% da equipe é feminina. E os cargos de liderança são divididos igualmente.

Isso tem ajudado a melhorar nossos resultados. Inclusive, somos uma empresa com uma performance excelente em termos de resultados. No mercado em geral, também existem muitas mulheres incríveis. Temos a Stefane Calliari que está à frente da Repro Produtos Ópticos em Santa Catarina, a Mariana Gaida com a Optilab no Paraná, a Cristina Buzatto no Technopark, além de várias outras líderes na área ótica, o que me deixa muito feliz, aprendo muito com elas.

E, se repararmos bem, ao menos aqui no Rio Grande do Sul, a maioria dos profissionais de atendimento são mulheres. É um valor para a EssilorLuxottica e para nós também. As mulheres são diferentes dos homens e isso é ótimo, porque nos complementamos. São competências e formas de ver, agir e pensar complementares.

 

C: Sobre estes desafios, algum deles teve peso maior em sua vida pessoal?

Adriana: Um outro desafio que tive nessa trajetória não era em função do mercado, mas sim de me provar. Eu tenho três filhas, então, foram três gravidezes trabalhando. Como fundadora da empresa, não tenho licença-maternidade. Por isso, quando tive minha primeira filha, eu trabalhei até o último dia e quis voltar o mais rápido possível. No décimo dia eu já estava de volta ao trabalho.

Eu ia para casa e amamentava de três em três horas e isso foi bem difícil, mas eu fiz para não me sentir culpada, pois me culpava por não estar trabalhando, por não estar entregando tudo, me sentia culpada por ser mãe. Felizmente essa questão mudou bastante nos últimos anos. Hoje, sabemos que somos essenciais, importantes e que podemos dar aquele tempo para a família. Aquele momento da maternidade é nosso. Esse foi o momento mais difícil da minha vida como empreendedora. Mas isso nunca me foi cobrado, era uma coisa minha, cultural.

 

C: Como complemento ao que falamos anteriormente, sobre a participação feminina na indústria ótica, qual é seu ponto de vista quanto à importância de termos cada vez mais mulheres à frente de seus próprios negócios?

Adriana: Sugiro para quem não tem muita mulher na equipe ou não acredita em nós como uma parceira de negócio, que experimente e invistam na contratação de mais mulheres. Além da importância de um ambiente diverso, damos resultados. Um estudo feito pela McKinsey na América Latina sobre mulheres na liderança de companhias apontou que aquelas que tinham pelo menos uma executiva eram até 12% mais lucrativas que as empresas só com executivos homens. Outro ponto que percebo é que empresas que têm a diversidade de gênero como um valor percebido por seus colaboradores, tem pesquisas de engajamento muito mais satisfatórias.

A diversidade traz, sim, resultados efetivos. Para mim, não restam dúvidas de que essa complementação de competências mostra resultados concretos. Empresas com mulheres e homens de uma forma equilibrada na gestão, e até nos processos operacionais, têm um ambiente de trabalho melhor, mais acolhedor e dão lucro. Ou seja, não é apenas uma questão de inclusão. Há diversas pesquisas comprovando os bons resultados financeiros dessa diversidade dentro das companhias.

 

C: Se pudesse destacar uma dica ou conselho para empreendedoras que desejam entrar na indústria ou no varejo ótico, qual seria?

Adriana: Não tenha medo de arriscar. Vá e faça! Temos muitos medos e inseguranças quanto à nossa real capacidade de conseguir conquistar nossos objetivos. Temos que tentar. Obviamente, teremos algumas dificuldades no caminho, e faz parte. Algumas serão superadas, outras trarão lições importantes e seguimos em frente, toda a trajetória, todo o caminho tem desafios.  É muito gratificante ver que nosso ramo, mesmo em uma pandemia, se manteve firme, registrou crescimento e se mostrou essencial.

Outro ponto importante para quem quer montar um negócio é ter parceiros. É preciso escolher bem, porque isso tem a ver com os seus valores e objetivos, podendo definir o sucesso da empresa e a satisfação pessoal em trabalhar com quem a gente acredita.

 

C: Gostaria de destacar outra informação?

Adriana: Gostaria de agradecer a oportunidade. A CECOP ajuda muito as óticas independentes a se desenvolverem e se conectarem, tendo acesso a informações de qualidade sobre o mercado. A CECOP sempre traz as novidades para os óticos, além da parceria com fornecedores qualitativos. Isso é importante, porque as parcerias que buscamos sempre compartilharam de nossos valores, como inovação e melhorar a vida das pessoas através da visão. Ter bons parceiros é imprescindível para nos tornamos mais fortes como empresa.

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